domingo, 17 de fevereiro de 2008

Na dúvida

Caminho pela praia e vou procurando o mais bonito resquício de mar para levar comigo. Uma concha! Brilha ainda da água do mar que acabou de passar… Mas… uma concha? Fechada sobre si própria? Envergonhada? Com medo de olhar para o lado? É bonita mas se calhar mais à frente encontro algo ainda mais deslumbrante…. Continuo. Uma pedra toda preta! Dura e bela, distingue-se de todos os outros milhares de pedras à sua volta. É soberba! É esta! Mas… uma pedra? Fria e intransigente? Uma pedra é implacável… Não. Por certo mais à frente aparece aquilo que realmente procuro e me vai satisfazer por completo. Já estou a caminhar há algum tempo, as pernas começam a tremer de cansaço… mas continuo o exercício. Cá está! Um búzio! Um búzio completamente diferente de todos que vi até hoje… uma cor invulgar, uma forma perfeita e um contorno tão meigo que só apetece pegar e abraçar. Um búzio? Não, é melhor não. Parece perfeito mas… e se lá à frente encontro alguma coisa que goste mais? Não posso ficar com tudo. Sigo. Um beijinho! Estupendo. Era mesmo isto que eu procurava! Desperta-me ternura só de olhar para ele, faz-me soltar um sorriso, lava-me a alma de tão bonito que é. E se…? Não, mais à frente pode aparecer algo com que me identifique mais, que gostasse mais de ter. Adiante… Estou cansada e não consigo encontrar nada que goste, logo agora que estou a terminar e que não ia ter dúvidas na decisão. Acabo a caminhada sem conseguir escolher nada. Na vida como na praia... É de mim ou perdemos sempre o melhor por acharmos que ele ainda está para vir?

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